Há duas décadas a política de Chapadinha gira em torno do
ainda prefeito Magno Bacelar. Depois de comandar Aldeias Altas e se tornar o deputado
estadual mais votado do interior do Maranhão em 1998 ele veio unir a oposição ao
então prefeito Isaías Fortes em 2000 e, após vitória histórica, dominou a cena
local.
O asfaltamento das principais avenidas começou nos primeiros
dias do seu governo, os servidores acostumados com meses de salários atrasados
passaram a receber com 10 dias de antecedência, o Galo da Chapada enchia o
estádio, a rede municipal de ensino saltou de 4 professores com graduação para
mais de 300, e tome Limão com Mel de graça para o povo! Até hoje a introdução
do “vaqueiro bom demais” anima seus simpatizantes.
Mais do que os resultados objetivos daquela administração, o
que se sentia era orgulho do prefeito que tínhamos. Um líder forte, cheio de
energia, que sonhava (com legitimidade) em alcançar o posto de governador do
estado.
O sucesso daquele governo fez Magno ser em 2004 o único
prefeito reeleito da história de Chapadinha e na eleição seguinte ele ainda
conseguiria eleger sua hoje esposa Danubia Carneiro. Bem, é verdade que ela teve
417 votos a menos que Isaías (cassado pela Justiça), mas contra três candidatos
fortes e com o próprio grupo torcendo o nariz o resultado foi uma demonstração
de prestígio no final daquele ciclo.
Em 2012 ele voltaria a ser candidato, mas Belezinha o
derrotaria por 5.361 votos. Em 2016 ele deu o troco a derrotando por 3.603
votos. Nada se compara, porém, ao resultado da eleição de 2020. Se a regra em
Chapadinha é o candidato da Prefeitura perder, ficar em 3º lugar foi inédito.
Magno foi superado por um candidato de primeira viagem, teve
menos votos do que naquela eleição histórica de 20 anos atrás, ficou 6.632
votos atrás da primeira colocada e sumiu. Nenhuma aparição pública desde o dia
15 de novembro, nenhuma live, nenhuma palavra de agradecimento aos eleitores,
amigos e apoiadores se ouviu da boca do prefeito. Um vácuo só preenchido pelo
esforço de um ou outro membro do governo que ainda procura rebater os ataques
que o prefeito sofre mesmo depois dele ter garantido a vitória da prefeita
eleita.
A frente da transição ficou a secretária, esposa, ex-prefeita e “culpada-geral
do município” Danubia Carneiro. Sempre apontada quando as coisas não dão certo,
ela carrega até o último dia as piores tarefas. É claro que ela tem sua fatia
de culpa, mas não nos enganemos: a última palavra é dele e a responsabilidade
também.

Precisa ser registrado para a história: Magno NÃO fez uma
administração desastrosa. Longe de ser ideal, este foi o governo que mais
asfaltou ruas, refez a vergonhosa rodoviária que tínhamos, abriu a maternidade
municipal, reformou parte do Hospital Antônio Pontes de Aguiar e colocou a UPA
para funcionar com recursos próprios do município. Errou muito no início, é
verdade, ao não anular a convocação ilegal de concursados que a prefeita
anterior fez depois de perder a eleição, ao não resolver o problema da
Iluminação Pública quando ainda estava forte e ao buscar o isolamento político.
Magno viu aliados se afastarem e aderirem a outras candidaturas com desdém. Eleito
por uma grande coalizão, terminou o mandato com a esposa da Assistência Social
e a irmã da Educação. Fica difícil chamar adversário de “funil” assim.
A vitória consagradora de Belezinha tem muitos outros motivos,
é claro. A lentidão da Justiça que não julgou a tempo o processo com mais
provas de abuso de poder econômico que já se viu por aqui, o amadorismo e a
vaidade dos seus adversários, a fuga dos debates, uma campanha com muito
dinheiro e com um jeito profissional de espalhar mentiras, mas, ainda assim,
ela poderia ter sido evitada (e onde estiver o prefeito sabe disso).
O que não se sabe ao certo é o motivo do seu sumiço.
Decepção com o eleitor? Vergonha pelo resultado? Arrependimento pelos erros
cometidos? Não dá para dizer. O abandono do próprio grupo no crepúsculo do seu
governo parece anunciar o desinteresse de Magno em disputas futuras, mas este
comportamento não é diferente do que aconteceu em 2012 e quatro anos depois ele
estava de volta.
Seguindo na luta política ou encerrando por aqui suas
participações, Magno Bacelar já tem seu lugar na história chapadinhense como
protagonista. Como recordista de mandatos na Prefeitura, acumula erros e
acertos que tornam impossível alguém ter por ele indiferença. Amado e odiado, o
prefeito deve se recolher para aguardar uma nova chance que só Belezinha pode
lhe conceder.
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