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Disputar a política para fazê-la avançar

O que fazer com Chapadinha?


"Como é meu desejo escrever coisa útil para os que tiverem interesse, mais conveniente me pareceu buscar a verdade pelo fito das coisas, do que por aquilo que delas se venha supor"

(Maquiavel, em "O Príncipe")



O texto "A disputa política (em Chapadinha)", mesmo sendo mais conceitual do que opinativo, causou tanta polêmica que me instigou a aprofundar o debate. A maioria das polêmicas, diga-se, não está no texto, mas nas interpretações que cada um deu ao que escrevi. 

Defesa de alianças políticas foi entendido como apologia à corrupção. Questionamento sobre a falta de projetos políticos para o nosso município por parte de todos os pré-candidatos a prefeitos foi entendido como acomodação. A afirmação de que hoje não há condições objetivas para vencer a eleição majoritária municipal sem o apoio de pelo menos uma das duas maiores lideranças políticas do município  foi entendido como defesa de que está tudo bom demais. 

Porém, de todas as polêmicas, uma é verdadeira. Como afirmou o Dr. Ernani Maia, o texto é maquiavélico. Assim como Nicolas Maquiavel, na sua principal obra, "O Príncipe", não escrevi sobre como as coisas deveriam acontecer, mas como eles acontecem. 

Maquiavelicamente, meu texto expõe verdades que, mesmo incômodas, não deixam de serem verdades. Não negarei o óbvio, meus caros. Os agentes da disputa política podem se esgoelar com seus discursos indignados, com falso moralismo, com suas mais simples obrigações sendo expostas como grandes méritos ou tentando se mostrar como diferente de "tudo isso que está aí" (discurso que garantiu a eleição de Collor de 89), mas por trás de tudo isso o que há é a mesma disputa de poder de sempre. O que questiono, tautologicamente, é: o que se pretende fazer com este poder.

Chapadinha é a cidade pólo do Baixo Parnaíba, região que concentra a maior quantidade de pobres no Maranhão, estado com o maior índice de miséria no desigual Brasil. Nossos desafios são de tal ordem que será necessário mais do que asfalto ou discurso moralista para vencê-los.

Além dos desafios, temos potencialidades que saltam aos olhos. Nossa imensa zona rural pode fazer de nós referência em produção agrícola, os investimentos da Suzano gerarão capacitação, emprego e renda no município, podemos nos transformar num polo educacional (temos um campus da UFMA, faculdades particulares como a FAP, futuramente IFET e Senai), podemos inserir nossa região na rota turística com a construção das estradas para Barreirinhas e Aldeias Altas.

Enquanto isso a eleição se aproxima com candidatos discutindo questões pessoais, propriedades de suas famílias, acusações vazias e absolutamente nenhuma proposta concreta.


Mobilizemo-nos 

O filósofo Jean Paul Sartre, na sua mais conhecida frase diz: "Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz como aquilo que fizeram com você". Ou seja, não somos apenas sujeitos passivos, mas, necessariamente, ativos no processo político. Assim, reafirmo, não existe "classe política". A política é de todos nós, queiramos ou não.

Já no artigo 1º da Constituição está dito: "O poder emana do povo". E quando o povo se dá conta disso e se mobiliza para que os seus direitos sejam respeitados, não há poder econômico ou truculência que o segure. Mas quando se dá mais atenção à novela das 8 ou à rodada do campeonato de futebol do que aos acontecimentos públicos, o poder se concentra nas mãos de poucos, aqueles que convencionou-se chamar de classe política e que não passam de uma minoria que mantêm em suas mãos, emprestado, o poder que é de todos.

O maior desafio que temos, portanto, não é escolher entre os que sempre governaram, mas conscientizar o povo e nos mobilizar para fazermos as mudanças necessárias.



"O problema de quem não gosta de política, é que é sempre governado por quem gosta"

(Lula)

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