
Há um triunvirato que dá calafrios do senhor Daniel Dantas. O delegado Protógenes Queiroz, o juiz Fausto De Sanctis, e o procurador Rodrigo De Grandis.
Pois na última sexta-feira, De Grandis entregou a De Sanctis uma denúncia contra Daniel Dantas e sua curriola como desdobramento à operação Satiagraha, comandada por Protógenes.
Sobre Dantas pesam denúncias por formação de quadrilha e organização criminosa, gestão fraudulenta de instituição financeira, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Entre os demais denunciados estão Verônica Dantas, irmã de Daniel, e o testa de fer... digo, o presidente do Opportunity, Dório Ferman, também conhecido por ajudar as campanhas eleitorais de Marcelo Itagiba (PMDB-RJ) e Raul Jungmann (PPS-PE). Humberto Bráz, Carla Cico e Roberto Amaral (não o ex-ministro, o ex-dirigente da construtora Andrade Gutierrez) também não foram esquecidos por De Grandis.
E não pensem que o calvário de Dantas está próximo do fim. As investigações da Satiagraha continuarão e De Grandis ainda pediu a abertura de três novos inquéritos.
Um para aprofundar as investigações sobre os figuras suspeitas, porém ainda não denunciadas, como o ex-cunhado de Dantas (e amigo de Heráclito Fortes) Carlos Rodenburg e o advogado e ex-deputado Luis Eduardo Greenhalgh.
O segundo para investigar a compra da Brasil Telecom pela Oi, na qual estima-se que Dantas teria levado R$ 1 bi.
E um terceiro para investigar a participação de brasileiros que tinha, ilegalmente, cotas do Opportunity Fund, sediado nas Ilhas Cayman.
A participação no suposto mensalão
Diz a denúncia de De Grandis que Carlos Rodenburg, ex-cunhado de Dantas, teria procurado o publicitário (?) Marcos Valério queixando-se do relacionamento ruim entre o governo Lula e o grupo Opportunity. Valério, então, teria feito uma "ponte" entre Rodenburg e Delúbio Soares, à época tesoureiro do PT.
Os dois se encontraram e o emissário do Opportunity teria pedido a Delúbio que tentasse aparar as arestas (leia-se Luiz Gushiken) entre o governo com o grupo. Delúbio teria confirmado que a impressão do governo em relação ao grupo de Dantas era realmente ruim. A denúncia não aprofunda nada além disso.
A denúncia também afirma que a Brasil Telecom, na época controlada pelo Opportunity, tinha contratos com a SMP&B, empresa de Marcos Valério. O contrato teria sido firmado por indicação de Carla Cico, aconselhada por Humberto Bráz.
E a imprensa?
Claro, não poderia faltar a participação de alguém da imprensa.
Em trecho destacado da denúncia aparece a seguinte transcrição de uma fala de Daniel Dantas durante um telefonema:
- Daí sairia uma matéria paga de 7 itens, agora na 1ª PAG. Dos jornais, por o estrago aumentou; (...) acho que de estratégia e sacanagem entendo um pouco, pelo amor de Deus: Aja já.
Mais adiante, com base nas documentações apreendidas, De Grandis afirma que Roberto Amaral era pago por DD e pagava jornalistas. Dois são citados, Giba Um e CLÁUDIO HUMBERTO.
Comentários
Tenho o lido todos os dias.
Ainda tem muita coisa sobre o mensalão que ainda não sabemos, mas devagar vão aparecendo.
Talvez seja por isso que o governo tenha dado tanto apoio a esse bandido (Daniel Dantas).
Agora com dois processos, Dantas (teoricamente) estaria em maus lençóis porque o crime passa a assumir um caráter de continuidade (como aconteceu com a Daslu e sua dona) o que agrava muito a pena e as consequências em um processo penal.
Infelizmente, muito pouco pode ser esperado em relação a punições para esse senhor enquanto seu principal servidor não for desmascarado e removido da Suprema Corte brasileira.