Pular para o conteúdo principal

Confesso, comprei uma Veja

Depois de vários anos, comprei neste último fim de semana um exemplar da revista Veja. Curiosidade, como dizem na minha terra, ainda mata.

O que me motivou foi a revelação, como denúncia, de que o delegado Protógenes Queiroz teria declarado ao Ministério Público que a operação Satiagraha foi gerada por determinação do presidente da República.

Até hoje fiquei pensando. Comentar ou não comentar? Repercutir ou não repercutir? Dar ou não toda essa moral para Veja. Resolvi falar, mas não se acostumem.

Me assustei. Não com as denúncias, mas com o fato de ainda haver pessoas que levam a sério o que é publicado ali. Cada palavra, cada vírgula é claramente colocada ali para tentar demorabilizar a operação Satiagraha.

"Protógenes (...) fez uma revelação que, se verdadeira, pode vir a ter consequências graves" (pag. 72)

Quais? Ora, nos bastidores sempre se soube quem é Daniel Dantas, muito graças ao ex-ministro Luiz Gushiken. A partir de 2004, com a deflagração da Operação Chacal, na qual Dantas já quase ia preso, a presidência da República foi municiada, por parte a Abin, de informações que a levaram a pedir que a Polícia Federal aprofundasse investigações.

E daí? Qual a ilegalidade? Nenhuma, muito pelo contrário. Se assim mesmo tudo ocorreu, a Abin e o presidente da República nada mais fizeram do que cumprir suas obrigações.

Outra denúncia. Protógenes teria declarado também que o juiz Fausto De Sanctis e o procurador Rodrigo De Grandis sabiam da participação de servidores da Abin na operação. O juiz e o procurador, porém, negam. Esta "revelação" é descrita pela revista como incômoda.

Três pontos, que supostamente foram comprovados entre as declarações de Protógenes ao MP e publicação, são frisados em seguida: 1) a participação dos espiões da Abin foi muito mais intensa do que uma simples colaboração; 2) os agentes da Abin foram acionados para dar a forma de relatório a escutas telefônicas legiais e ilegais; 3) Eles seguiram autoridades e vigiaram suspeitos. (pág. 74)

Ora, Protógenes estava elaborando uma investigação da maior importância e seus superiores da Polícia Federal, depois da ida de Paulo Lacerda para a Abin, estavam lhe sabotando e tirando-lhe estrutura para realizar a operação. Assim, o delegado foi buscar, legalmente, auxílio onde poderia encontrar. Na Abin, componente do Sistema Brasileiro de Inteligência, assim como a PF. Se, para superar as dificuldades que estava tendo dentro da própria instituição, ele contou com a participação de um, dois, cinco, quinze, oitenta ou duzentos servidores da Abin nas investigações. Isto é um detalhe. A participação deles foi legal.

Outra coisa, não há ainda qualquer prova de que houve uma escuta telefônica ilegal sequer no decorrer das investigações comandadas por Protógenes.

Expedito Filho continua a reportagem com uma série de raciocínios que só fazem sentido na sua própria cabeça e depois sentencia: "Prorrogada por mais sessenta dias, a CPI dos Grampos é o foro próprio para que essas perguntas sejam feitas e respondidas". Em outras palavras, o melhor lugar para buscar a verdade é na CPI onde o banqueiro Daniel Dantas disse se sentir em casa.

No final da reportagem, Expedito transcreve uma fala de Raul Jungmann (PPS-PE), ex-ministro do governo Efeagacê que teve sua campanha financiada pelo presidente do Opportunity, dizendo que "(...) a operação realmente não tinha nenhum limite ou controle". São sempre essas mesmas figuras. Jungmann, Itagiba, Gilmar Mendes...

Protógenes voltará à CPI do Itagiba , aquela na qual Dantas disse se sentir em casa, no dia 1º de abril e promete "dar nomes as bois".

Quem vier, verá.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

BELEZINHA ASFALTOU ATÉ O CAMINHO PARA A REELEIÇÃO

Passada a eleição estadual, o único grupo vencedor em Chapadinha foi o que já ocupa a Prefeitura. O resto se dividiu entre sobreviventes, humilhados e aposentados. Após ter sido a candidata a deputada estadual mais votada da história do município em 2018, com 12.403 votos, Belezinha alargou o recorde com os 18.548 votos de Aluizio Santos, elegendo-o para o cargo e vendo os adversários absolutamente perdidos. Se na eleição anterior os demais grupos se dividiram em 8 candidaturas acima da faixa de 500 votos, somando 17.752, desta vez foram 11 candidaturas e apenas 15.109 votos. A pulverização e o desempenho fraco já demonstram que a oposição teria dificuldade de derrotar a prefeita mesmo se conseguisse uma improvável união para 2024. Entre os derrotados da eleição destacam-se os ex-prefeitos. Dr. Magno Bacelar passou pelo segundo constrangimento seguido (e desnecessário) sem conseguir mais do que 679 votos para Adriano Sarney e Isaías Fortes, que ficou aquém do prometido a Davi Bra

RECIBO: Após Onda Rosa, Belezinha parte para o ataque contra Thaiza

Se alguém tinha dúvida sobre incômodo da prefeita Belezinha com a candidatura da deputada Thaiza Hortegal, acabou hoje. Bastou passar a ressaca pelo sucesso da Onda Rosa que seus aliados inundaram os grupos de WhatsApp com um áudio editado do final do evento que parou a cidade. A preocupação não é pra menos. Seu candidato a deputado estadual tinha a ilusão que seria o único nome da cidade disputando os votos chapadinhense e contava com isso para conquistar uma das 42 vagas da Assembleia Legislativa. Em recente reunião com apoiadores, chegaram a afirmar que ele precisava sair do município com 20 mil votos! Se depender disso, os concorrentes do PL podem comemorar. A disputa em Chapadinha será acirrada e polarizada entre Thaiza e Aluízio. Ele disputa sua primeira eleição, ela já vem com o histórico de uma deputada de mandato. Foi a sétima mais votada do estado, com 51.895 espalhados em 213 dos 217 municípios. Essa disputa está só começando!

Thaiza Hortegal busca campus da UEMA para Chapadinha

O curso de Medicina em Pinheiro também começou assim. Na manhã desta segunda-feira (18), a deputada estadual Thaiza Hortegal (PDT) foi recebida na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) para dialogar com o reitor Gustavo Costa sobre a possibilidade de implantação de um polo da universidade no município de Chapadinha (MA). A visita é uma das ações da parlamentar na busca por viabilizar o projeto, cujo pontapé inicial foi dado com a proposição da Indicação nº 4583/2022 na Assembleia Legislativa.  "Pode parecer um projeto ambicioso, pois, como nos contou o reitor, ninguém nunca havia feito esse pedido antes, mas acredito que temos que sonhar grande e lutar para que isso se torne realidade. Conhecemos a região de Chapadinha e Baixo Parnaíba e sabemos que há demanda por educação superior nesses locais. Para que haja mais desenvolvimento, precisamos investir em capacitação", defende Dra. Thaiza.  Durante a reunião, o reitor explicou as etapas para a criação de um novo polo e, a p